8.6.08

09 de Junho : Héctor Gallego: Igreja-Comunidade


O sacerdote colombiano Héctor Gallego, chegou ao Panamá, procedente da Colômbia em 1967. Trabalhou nos campos de Santa Fe de Veraguas, lutando contra as injustiças e os abusos dos grandes ruralistas da região e do comércio injusto para com os pobres. Organizou os camponeses em cooperativas, lutando por justiça nas relações de preço e produção e levando a Palavra de Deus a todas as comunidades, denunciando nos meios de comunicação as situações injustas que via. Seu foco de trabalho pastoral era o fortalecimento da vida da comunidade em que servia, a comercialização alternativa de produtos agrícolas, a formação de cooperativas e a dignidade do trabalho do povo camponês.

Em 9 de junho de 1971 os militares, em cumplicidade com a oligarquia rural, desapareceram com Jesús Héctor Gallego, pároco de Santa Fe. São passados 37 anos e a memória sobre o trabalho e a vida de Héctor segue presente em Santa Fé e em muitas partes do país onde hoje a 'Cooperativa Esperança' segue sua luta proporcionando comércio alternativo e justo a trabalhadores rurais.

Héctor Gallego é testemunho de um cristão sacerdote comprometido com o Evangelho e sua mensagem de vida. Em Gallego encontramos também um sinal visível das contradições que se vêem na igreja e na sociedade em que vivemos. Uma sociedade e uma igreja, santa e pecadora, de morte e de vida, cristã e anticristã.

A Igreja que conhecemos através de Héctor Gallego é, sem dúvida, a comunidade. Nela, Héctor encontrou e acompanhou a presença do Deus da vida; do Deus de Jesus ressuscitado no campesinato empobrecido e marginalizado. A Igreja de Héctor Gallego não é a mesma igreja dos líderes religiosos que vivem recostados nos poderes políticos e econômicos, falsos profetas que representam a igreja-impunidade.

Ao contrário da clara opção pelos pobres feita por Jesus, a igreja-impunidade é a que difunde e inculca um cristianismo “neutro”. Que afiança um cristianismo LIGHT para cativar as esmolas de empresários, banqueiros e governos. E que promove um cristianismo cego, diante dos pecados pessoais, coletivos, interpessoais e ambientais.

José Martí disse que: “Ver um crime em silêncio, é cometê-lo”. E Monsenhor Romero disse: “os pobres são os forjadores de nossa história”. Jesus, o Mestre, não foi neutro, seu compromisso foi com os empobrecidos de corpo, de alma e de espírito. Enfrentou desta forma, os poderes de sua época. Sua radicalidade e entrega à comunidade exasperou os poderes políticos e religiosos que tramaram seu assassinato por meio da cruz. Hoje Jesus, ressuscitado e presente no povo sofredor (Mateus 25), sofre o mesmo calvário de paixão-morte-ressurreição. Os mesmos poderes políticos e religiosos seguem ao lado da solitária e individualista morte inútil que será vencida pela vida comunitária do povo.

Como seguidor de Jesus, Hector Gallego, ao final de sua jornada e ministério, quando se viu ameaçado diante da situação em que vivia, usou uma frase que hoje se lê na base do monumento erguido em sua homenagem em Santa Fé: “Se eu desaparecer, não me procurem, continuem a luta”

Baseado em seu exemplo, OREMOS:

Deus da justiça e da paz, que chamou teu servo Hector Gallego para ser testemunha e mártir nas terras do Panamá e que por Teu intermédio tinha tão claro o compromisso com a comunidade e com as relações de justiça e de denúncia da iniqüidade. Dá-nos do teu Espírito para que tenhamos coragem de crer em teu plano manifesto na vida em comunidade, e no abandono de uma fé individualista e desencarnada. Que tua Igreja seja instrumento de justiça nas relações, neste mundo que vive hoje a crise de alimentos em função da ganância. Que saibamos escolher nossas lutas, e em teu nome combater o bom combate. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, Um Só Deus, para sempre e sempre.


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